Sexta-Feira 13: a franquia se reinventou acompanhando as tendências dos filmes de terror
A franquia Sexta-Feira 13 é uma das mais icônicas do gênero de terror, centrada no assassino mascarado Jason Voorhees, que aterroriza adolescentes no acampamento Crystal Lake e arredores com sua sede de vingança.
📷 Foto: Reprodução
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Em 1980, estreou uma das mais famosas franquias de terror da história do cinema, que carrega em seu nome, uma data tradicionalmente associada ao sobrenatural, Sexta-feira 13, dirigido por Sean S. Cunninghan. Seguindo inspirações do gênero italiano que retrata “filmes de terror com um assassino misterioso”, o Giallo, que contou com grandes diretores como Dario Argento e Mario Bava, logo o cinema dos Estados Unidos concebeu a sua própria versão dentro de suas características, o slasher. Inaugurado com filmes como O massacre da serra elétrica (1974) de Tobe Hopper e Halloween (1978) de John Carpenter, foi um gênero muitas vezes encarado pejorativamente como filme B, mas extremamente marcante em diversas gerações a partir dos anos 80.
Jason Voorheers, com seus quase dois metros de altura e sua máscara de hockey, se tornou um dos personagens mais icônicos no imaginário popular, contudo, o engraçado é que esse visual clássico que associamos a ele, só foi aparecer no terceiro filme da franquia em 1982, já que no primeiro longa de Sexta-feira 13 ele nem sequer era o vilão e sim, Pamela Voorheers, a mãe de Jason, que pretendia se vingar daqueles que acreditava terem matado seu filho e manter o Acampamento Crystal Lake fechado. Apenas no segundo filme, decidiram dar sequência com o morto-vivo, Jason Voorheers como o antagonista principal da franquia, porém ainda sem a tradicional máscara, usando um saco de pano no lugar, já entregando um mistério sobre a face deformada do assassino.
Sexta-feira 13, passou pela escrita e direção de diferentes autores, com raros retornos aos papéis, o que a torna um estudo interessante de como a franquia foi acompanhando as tendências da época ou de como uma série tão longeva pode ir longe para se reinventar. Em Sexta-feira 13 parte III (1982), o diretor Joseph Zito decidiu gravar várias cenas usando o recurso do 3D, o que gerou uma série de cenas que se tornaram engraçadas, dos personagens enfiando objetos banais no meio da cena a todo momento para que eles saltassem na tela do 3D, ou cenas de mortes que abusavam da mesma técnica.
Como toda boa franquia de terror, tivemos algumas tentativas de reiniciar a história como Sexta-Feira 13 parte V- Um Novo Começo (1985) e Sexta-Feira 13 (2009), esse sendo oficialmente um remake. Devido a longevidade da franquia, ainda vimos o personagem passar pelas mais diversas situações das mentes dos novos roteiristas, como Sexta-feira parte VIII: Jason Ataca Nova York (1889), levando o assassino para fora do tradicional Crystal Lake e possuindo um título tão autoexplicativo quanto o próximo, Jason vai para o Inferno: A Última Sexta-feira (1993), sendo superado na inventividade do cenário apenas por Jason X (2001), que trouxe o assassino para uma nave espacial em 2455, agora com um visual futurista, um filme que veio já na decadência do slasher e a popularidade da ficção científica no fim dos anos 90 para o início dos 2000. Em seguida, teríamos um tão aguardado crossover com a franquia Hora do Pesadelo, Freddy x Jason (2003), colocando em confronto dois dos assassinos mais populares da história da cultura pop.
Dentre as características marcantes da série de filmes ambientada frequentemente no acampamento Crystal Lake, estão os estereótipos e clichês que se consolidaram no cinema de terror do fim do século passado, como carros que não ligam, telefones que convenientemente não funcionam e a “Final Girl”, um estigma puritano da garota virgem que sempre sobrevive no final dos filmes, ao contrário dos jovens adolescentes que foram mortos enquanto buscavam o prazer carnal, estereótipo esse que gerou uma das piadas mais populares da franquia de que “Jason odeia adolescentes que transam”.
Sexta-feira 13, é definitivamente uma série de filmes que reflete como o cinema de terror se comportou durante seu tempo de exibição, por mais que se questione a qualidade técnica e narrativa da maior parte de seus filmes, eles se tornaram opções divertidas de se ver com os amigos quando a sexta-feira 13 chega, no dia das bruxas ou somente em encontrões para uma boa maratona.
*Gabriel Vinícius, cursa Cinema e Audiovisual no Centro Universitário Jorge Amado, aspirante a diretor e roteirista de cinema.