As placas solares instaladas recentemente no santuário Nossa Senhora da Conceição, no Recife, podem ter contribuído para a queda do teto, mas sozinhas não poderiam causar o desmoronamento que matou duas pessoas e deixou 24 feridas. A afirmação é do gerente de Fiscalização do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) de Pernambuco, Nailson Pacelli.
Duas pessoas morreram na tragédia, que deixou diversos feridos. “Esse colapso não deve ter única causa, e outros fatores têm de ser analisados, como a falta de projeto e de manutenção; uso de materiais fora das normativas existentes; até os ventos podem contribuir. Mas a instalação recente coloca [as placas] em uma condição suspeita, mas em um somatório de causas”, continuou.
O especialista contou ao UOL que chegou ao local pouco após a tragédia para colher informações sobre o caso e diz que todos os relatos apontam que não havia problemas estruturais aparentes na igreja. “O que a gente percebe é que o teto colapsou, vindo a cair quase em sua integralidade. Só tem uma parte pendurada. Isso denota que houve uma série de falhas construtivas’, disse.
Ainda sobre as placas, ele diz que é preciso também avaliar se a estrutura do prédio suportava adicionais de carga. “Isso pode não ter sido previsto no projeto inicialmente. Mas uma estrutura desse porte teria, em tese, capacidade de resistir”
O templo foi inaugurado no ano de 1906 e fica no bairro de Casa Amarela, zona norte do Recife. Em 2021, passou por uma reforma. É uma das igrejas mais visitadas da cidade, e na véspera do incidente, à noite, realizou uma missa que lotou o local.
O gerente afirma ainda que, no primeiro momento, a investigação não buscou detalhes sobre situação de regularidade da obra, mas adianta que toda instalação de equipamentos de energia precisa ser registrada na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e tem de ter um engenheiro responsável que o assine.
“É praticamente impossível fazer uma obra dessa sem indicação de um responsável técnico. Toda obra precisa de um engenheiro e da Anotação de Responsabilidade Técnica [ART]. Lá tem descrito o registro, a se o profissional tem competência”, explica.
“Esse caso traz uma evidência de como isso é importante. Não é incomum estruturas colapsarem por causa de peso adicional. Casos assim ocorrem no Brasil inteiro”, reclamou.
