Por Livia Veiga
Dois casos de morte por Febre do Oropouche foram registrados este ano pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que aguarda a confirmação por parte do Ministério da Saúde. No município de Valença, uma moradora de 24 anos veio a óbito e a doença foi confirmada após avaliação da Câmara Técnica da Bahia, avaliação clínica, epidemiológica e laboratorial rigorosa.
Segundo a pasta, o diagnóstico foi obtido através de RT-PCR para Oropouche, que se mostrou positivo após a exclusão de outras doenças, como: Zika, Dengue, Chikungunya e Leptospirose, além de infecções por meningococo, Hemophilus e pneumococo, todas apresentando resultados negativos. O segundo caso é da morte de um morador de Camamu, de 22 anos, que será submetido aos mesmos exames do anterior e à análise genômica.
Segundo a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Alda Maria da Cruz, a doença já foi notificada no Rio de Janeiro, Piauí, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e Espírito Santo, localidades fora da região amazônica, onde a Febre do Oropouche é comum. Assim como os dois casos registrados na Bahia, óbitos relacionados à doença também estão em investigação no Maranhão, no aguardo dos resultados de exames.
“Temos que estar atentos e alertar os profissionais de saúde, pois muita coisa não conhecemos sobre a doença. Os casos que vão a óbito, os sistemas de vigilância têm que estar atentos e acionados para investigar; não sabemos a importância da transmissão materno-infantil, como foi o caso da Zika, e não conhecemos bem a transmissão, pois além do Maruim, é possível que outros mosquitos estejam implicados nessa transmissão, o que é uma preocupação, a exemplo do Culex [pernilongo]”, afirmou.
Conforme dados da Sesab, o primeiro caso de Febre do Oropouche foi registrado na Bahia em março deste ano, e desde então, já são 691 confirmados. As ocorrências foram contabilizadas em 48 municípios, com destaque para os com maior número de casos: Gandu (81), Amargosa (66), Uruçuca (50), Ilhéus (49), Teolândia (43), Camamu (40), Ituberá (40), Tapeoá (37), Jaguaripe (33), Laje (30), Igrapiúna (25), Elisio Medrado (24), Mutuípe (23), Itabuna (17), Presidente Tancredo Neves (16), Santo Antônio de Jesus (14), Valença (14), Muniz Ferreira (12) e Salvador (9).
Transmissão e sintomas
A expansão de ocorrências para além da Região Norte do país preocupa o governo e, de acordo com o Instituto Butantan, pode ter relação com os impactos das mudanças climáticas, como o aquecimento global. Segundo o Ministério da Saúde, este ano, já foram registrados mais de 6.600 casos no país, com maior incidência no Amazonas (3,5 mil) e em Rondônia (1,7 mil).
A Febre do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus (vírus transmiti do porartrópodes) do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae. O Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil.
A transmissão da doença, segundo o Ministério da Saúde, é feita, principalmente, por mosquitos. Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela.
Os sintomas da Febre do Oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. O governo, no entanto, informa que não existe tratamento específico para a doença, orientando que os pacientes permaneçam em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.
Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Divulgação/Fiocruz