Setembro Verde: a importância do transplante para o paciente renal crônico
Nefrologista fala sobre a doença renal e de quando o transplante é indicado
Setembro é o mês de conscientização e incentivo à doação de órgãos. E com o objetivo de levar informação acerca da importância deste ato que salva vidas, o Instituto do Rim de Itaberaba (IDR) realiza uma série de ações em alusão ao movimento Setembro Verde. Além das ações que envolvem o público interno da clínica – colaboradores, pacientes e familiares – o IDR busca conscientizar a população sobre a importância do transplante de rim para os pacientes renais crônicos.
Graduado em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com Atualização em Transplante Renal pelo Hospital do Rim da Escola Paulista de Medicina, o nefrologista do IDR, Ágnor Christy, falou sobre a perda das funções renais e quando o transplante é indicado para o paciente renal.
“As principais funções dos rins são a filtração do sangue para eliminação das toxinas, resultando na formação da urina; o controle da pressão arterial; controle do equilíbrio hídrico; controle do equilíbrio eletrolítico (sais como sódio, potássio, fósforo); manutenção do equilíbrio acidobásico e ajudar na estimulação e na produção das células vermelhas do sangue. Portanto, na insuficiência renal todas estas funções ficam comprometidas”, destaca o nefrologista.
De acordo com o especialista, a insuficiência renal aguda ou crônica são multifatoriais. Em todo o mundo, o diabetes e a hipertensão arterial constituem as principais causas de doença renal crônica. A terceira causa são inflamação nas unidades funcionais dos rins.
“Seguem-se as doenças renais intersticiais (infecções urinárias, por exemplo), as doenças hereditárias e as de causa desconhecida. Não podemos esquecer o aumento da expectativa de vida da população, levando ao envelhecimento, uma vez que ao envelhecermos, perdemos função renal. Já entre as principais causas de insuficiência renal aguda podemos relatar: hemorragias, desidratação grave, infecções e sepse, infarto, câncer de próstata, de bexiga e colo do útero e uso de medicamentos, principalmente anti-inflamatórios e alguns antibióticos”, explica Dr. Ágnor.
Na maior parte do tempo a doença renal crônica é assintomática. Até que o paciente tenha perdido cerca de 65% da sua função renal, ela permanece quase que imperceptível. “A partir daí, podem aparecer sinais e sintomas que pouco incomodam. Anemia leve, pressão alta, inchaço dos membros e face, mudanças no hábito de urinar (urinar diversas vezes, acordar frequentemente para urinar à noite), mudanças no aspecto da urina (muito clara, espumosa ou com sangue). Deste ponto, até que os rins estejam funcionando em torno de 10% a 15%, é possível tratar os pacientes com medicamentos e dieta. Quando a função renal se reduz abaixo desses valores, torna-se necessário a terapia renal substitutiva nas modalidades hemodiálise, diálise peritoneal e o transplante renal”, esclarece o médico.
Nestas fases mais avançadas da doença o paciente pode ser acometido de fadiga, náuseas e vômitos, tremores, soluços, coceira no corpo, insônia, falta de apetite e até mesmo sangramentos. E, em muitos casos, o transplante renal é indicado.
“O transplante renal está indicado quando houver insuficiência renal crônica em fase avançada, estando o paciente em diálise ou mesmo em fase pré-dialítica. A idade do paciente não constitui mais uma limitação como ocorria no passado, pois pode se transplantar com sucesso crianças com dois a três anos de idade e casos selecionados de pacientes com idade superior a 70 anos”, pontua Dr. Ágnor.
O transplante renal é considerado a mais completa alternativa de substituição da função renal, tanto do ponto de vista médico, quanto social ou econômico. O transplante renal garante melhor qualidade de vida e mais liberdade na rotina diária do paciente. De uma forma geral, os pacientes que se submetem ao transplante renal têm uma maior sobrevida ao longo dos anos.
“Todo indivíduo submetido a transplante renal necessita de imunossupressores (medicamentos), para impedir a rejeição do órgão transplantado. O indivíduo transplantado tem uma qualidade de vida muito próxima da normal. Não necessita de nenhuma forma de isolamento ou de qualquer cuidado especial. Por outro lado, necessita de acompanhamento médico, com visitas semanais no período inicial do transplante e espaçamento progressivo, até realizá-los semestralmente”, finalizou o nefrologista.
Sobre o transplante de órgãos
Os órgãos podem ser doados por pessoas vivas ou falecidas. Em vida, podemos doar um dos rins, partes do fígado, medula óssea e partes do pulmão. Já o doador falecido, com a autorização da família, pode doar coração, fígado, rins, pulmões, pâncreas, intestino, vasos, pele, córnea, ossos e tendões.
No caso de doador falecido, apenas pacientes em morte encefálica, como traumatismo craniano e parada cardiorrespiratória, são aptos à doação. A retirada do órgão acontece por meio de uma cirurgia e, após o procedimento, o corpo é entregue para que a família realize o velório.
Sobre o IDR
Com atendimento 100% pelo SUS, o IDR é referência no tratamento de doenças renais e atua há 10 anos no município de Itaberaba. O instituto oferece os serviços de hemodiálise e consulta nefrológica e tem em seu quadro 54 colaboradores que atendem cerca de 190 pacientes, oriundos de 16 municípios baianos. O IDR tem como responsáveis administrativos Henrique Bloise e Patrícia Bloise.
As informações existentes neste texto não pretendem substituir a consulta médica. Em caso de alguns sintomas, procure avaliação médica.
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