Avisos nas prateleiras limitam compra do arroz e assustam clientes

                          

Por Hieros Vasconcelos Rêgo

Quem fez compras em alguns supermercados de Salvador no último final de semana se surpreendeu com anúncios de mesmo teor nas prateleiras: o arroz, um dos principais alimentos no prato do brasileiro está com retirada limitada.

Enquanto redes atacadistas limitaram a venda para cinco fardos por pessoa – cada fardo contendo 10 quilos-, supermercados estabeleceram um limite de 3kg a 5 kg do produto por cliente.

No Assaí dos Barris o aviso causou espanto nos consumidores. “Aproveite: Esta loja está limitando a compra de arroz a 5 fardos (no total de qualquer marca) por pessoa. A medida é necessária para garantir o abastecimento aos (as) nossos (as) clientes. Contamos com a compreensão de todos (as)”, diz o cartaz. Além do Assaí dos Barris, também dispuseram o aviso Atacadão da Rótula do Abacaxi e o Assaí no mesmo bairro. O GBarbosa do Iguatemi foi o que limitou a compra de 3 kg a 5 kg por pessoa.

A medida começou a se espalhar pelos supermercados baianos em meados da semana passada diante da tragédia que assola o Rio Grande do Sul. O mesmo ocorre em diversos estados do país.

O ocorrido no estado gaúcho intensificou a preocupação em relação ao alimento devido a perda de grandes safras e plantações de arroz naquele estado, tido como o maior produtor do grão do Brasil, responsável por 70% da produção nacional.

“A gente chega no mercado e se esbarra com um aviso desse. Já causa uma apreensão. Por um lado tem isso na loja, do outro lado falam que não é para a gente se preocupar. Mas nosso medo, mesmo, não é ficar sem arroz, é o preço dele subir exorbitantemente.”, comenta a auxiliar administrativa Marilene Rocha de Assis, 45 anos, enquanto olhava os preços dos produtos no G Barbosa. Ela, que costuma levar dois quilos, resolveu levar cinco. “Melhor prevenir”, disse.

Embora a recomendação da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) seja que a população não faça estoque do produto, muita gente tem se espantado com os avisos nas prateleiras.

“A gente se depara com um negócio desse no mercado e não é para fazer estoque? É para esperar sumir? Fiquei confuso”, desabafou Givanildo Cerqueira, 37, ao ser informado sobre a recomendação da Abras pela reportagem. Dono de restaurante, ele disse estar receoso com o aumento do preço e consequentemente dos pratos em seu estabelecimento.

A Abras, por sua vez, acrescentou que está monitorando a logística e o abastecimento dos produtos essenciais nas lojas e que os estoques e abastecimentos estão normalizados.

"A entidade nacional está monitorando os produtos oriundos da região afetada, a exemplo do arroz, do leite, da carne suína e de frutas, e, juntamente com o governo, poderá adotar medidas adicionais, se necessário, para garantir que as famílias tenham acesso aos itens essenciais", afirma a entidade.

Mais caro - Na última terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, por conta da situação no Rio Grande do Sul, o governo cogita importar arroz e feijão para equilibrar a produção e evitar aumento dos preços.

No entanto, a possibilidade de encarecimento do produto já vinha sendo alardeada desde o ano passado por especialistas devido às divergências climáticas – excesso de chuvas ou da ausência delas por extensos períodos.

“Acreditamos que não seja necessário fazer estoque, mas talvez seja inevitável que o preço venha a subir de preço e não só por causa do sul, mas pelas mudanças climáticas em várias partes do país. Não estamos tendo cuidado com o meio ambiente, isso está afetando o clima”, declarou o economista João Vicente Albuquerque.

Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Romildo de Jesus
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