Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as BR-101 e BR-116 se destacam como as vias com maior incidência de fatalidades, contabilizando 48 óbitos cada. As causas predominantes incluem o tráfego na contramão, excesso de velocidade e ultrapassagens perigosas.
Um dos eventos mais recentes ocorreu em Teixeira de Freitas, na BR-101, em 11 de abril, quando um ônibus de turismo, que partira do Rio de Janeiro com destino a Porto Seguro, tombou na estrada, resultando em nove mortes e 23 feridos. Na semana anterior, um motorista de caminhão perdeu a vida após uma colisão na BR-324, próximo a Santa Bárbara.
Fábio Rocha, do Núcleo de Comunicação da PRF (Nucom), destaca a falta de duplicação em alguns trechos como um fator contribuinte para esses acidentes. Ele aponta que as condições sinuosas da BR-101, especialmente na região sul da Bahia, aliadas ao intenso tráfego de veículos e caminhões, ampliam os riscos.
A BR-324, conectando diretamente à capital baiana, registra um alto volume de acidentes, embora de gravidade menor. Dos 1.030 incidentes registrados este ano, 239 ocorreram nessa via, que liga Feira de Santana a Salvador. Adicionalmente, a BR-101 teve 239 incidentes sem vítimas.
A questão da duplicação das rodovias tem sido alvo de críticas e debates. Enquanto a concessionária ViaBahia afirma que 113,2 km da BR-324 sob sua gestão estão completamente duplicados, apenas cerca de 70 km dos 554,km da BR-116 foram duplicados até o momento. O restante permanece como via única, apesar dos planos de duplicação desde 2009.
Em resposta às preocupações, a ViaBahia comprometeu-se a acelerar o processo de duplicação, especialmente no trecho entre Paraguaçu e a divisa com Minas Gerais, como parte de um investimento de R$ 11,8 bilhões. No entanto, a conclusão está prevista apenas para 2034, coincidindo com o término do contrato de concessão.
Recentemente, foi proposta a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades nas concessões rodoviárias geridas pela ViaBahia. Parlamentares baianos denunciaram a empresa por negligência com as rodovias federais, buscando esclarecimentos em uma audiência pública.
Elmo Felzemburg, engenheiro e mestre em planejamento de transporte, critica o modelo de manutenção adotado pela ViaBahia, argumentando que é necessário investir na reconstrução das vias, em vez de simplesmente tapar buracos.
Apesar das ações da PRF para orientar motoristas e prevenir acidentes, a situação permanece desafiadora, especialmente em períodos de alta movimentação nas estradas.
Foto: Metropress/Filipe Luiz |