Queda no desemprego diminui aberturas de empresas na Bahia

Ao todo, existem mais de 350 mil micro e pequenas empresas abertas no território baiano


Por Hieros Vasconcelos Rêgo

A Bahia foi o estado do Nordeste com maior número de empresas criadas no ano de 2023, com 174.359 registros. Ao mesmo tempo foi o que apresentou, entre os estados nordestinos, a maior queda no número de aberturas (-9,6%).

Os dados são do Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian. “A queda não significa algo ruim, e está ligado ao crescimento das vagas no mercado de trabalho formal no estado”, explica o economista da Datatech brasileira, Luiz Rabi.

O levantamento mostra que em 2023 foram criadas 3,9 milhões de empresas no país. Dessas, 620.442 estão no Nordeste. A nível nacional, a Bahia ocupa o sétimo lugar no ranking de estados com mais empresas nascidas. Em primeiro lugar está São Paulo, seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os dados foram divulgados no dia 19 de abril.

De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas na Bahia (Sebrae), ao todo existem no território baiano 352.963 Micro e Pequenas Empresas, 822.231 Microempreendedores Individuais e um total de 1.174.14 pequenos negócios no mesmo ano. Os números são de 2023.

O setor de Serviços foi o que mais levou às aberturas de empresas ano passado (20,8%), conforme aponta a datatech brasileira. Na Bahia não foi diferente.

Segundo o Sebrae Bahia, os setores de comércio e serviços foram os que mais geraram empregos em 2023 em solo baiano, representando 25% e 52%, respectivamente, do saldo de empregos gerados. Ou seja, juntos os setores de comércio e serviços representaram 77% dos empregos gerados na Bahia.

Na visão micro dos setores, “Serviços de Alimentação” foi o responsável pelo maior número de aberturas no ano (6,8%). O economista Luiz Rabi afirma que essa realidade é bastante comum. “O que mais se abre são serviços de alimentação, é um tipo de atividade predominante em praticamente todas as regiões. Na Bahia, a maioria do que foi aberto se encaixa em micro e pequena empresa, mesmo”, afirma.

Depois de Serviços, os segmentos com mais empresas criadas no país foram Comércio (20,8%), Indústria (6,3%) e “Demais”, que inclui os segmentos Primário, Financeiro e Terceiro Setor, (1,3%).

Queda no número de aberturas de empresas está ligada ao mercado de trabalho

O crescimento de vagas no mercado de trabalho na Bahia é a principal explicação para a queda na abertura de empresas no estado ano passado. “O nascimento de empresas vai muito na direção contrária da geração de empregos”, afirma o economista da Serasa Experian.

Rabi argumenta que durante a pandemia, além do desemprego ter aumentado, as pessoas “tiveram que se virar”, ocasionando uma explosão na abertura de empresas. À medida em que a situação se normalizou no país, a economia retomou a força. “A taxa de juros começou a cair a partir do ano passado e tivemos uma queda grande do desemprego no Brasil, saindo de 14% e agora estamos em 7,5%. Quando você tem uma recuperação na empregabilidade, as pessoas que estavam tentando empreender acabam sendo absorvidas”, explica.

Para o especialista, na Bahia também houve queda no desemprego, o que justificaria a queda no número de aberturas de empresas. “Na pandemia a taxa de desemprego era de 21,7%. E os dados mais recentes apontam 12.7%. Uma queda significativa. As pessoas começam a encontrar posições de trabalho no mercado formal, e por conta disso você desafoga a pressão de ter que se tornar um empresário por obrigação”, destaca.

Desafios - O ano de 2023 teve um crescimento de 1% no número de empresas no Brasil em comparação a 2022. A expectativa deste ano é que as empresas permaneçam de pé, com uma vida financeira melhor diante da queda dos juros no país. “Os juros estão caindo e o Banco Central tem reduzido a taxa. Esperamos que continue, pois significa que o crédito fica muito mais barato, e isso é o componente de qualquer negócio”, acrescenta o economista Luiz Rabi.

Entre as dicas para manter uma empresa viva, Rabi cita conhecer ‘bem o negócio que está sendo aberto’. “Se você abre um negócio de alimentação, precisa conhecer o básico do básico. A segunda orientação: conhecer o mercado. O empreendedor atua muito localmente no bairro, ou seja, precisa entender como está o mercado e a concorrência”.

Depois do conhecimento técnico e de mercado, é fundamental ter uma boa gestão do caixa. “As pessoas acabam confundindo que o caixa da empresa é o caixa da pessoa física. Não é todo dinheiro que é lucro. Tem que pagar mercadoria, despesas, contas. O que sobrar é lucro e só se deve tirar uma parte do lucro, pois a outra parte é reinvestida no negócio”, pontua.

Fonte: Tribuna Bahia

Foto: Romildo de Jesus
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