O dólar blue, negociado no mercado paralelo na Argentina, voltou a superar mil pesos ontem, após a vitória de Javier Milei nas eleições de domingo. A Bolsa, por sua vez, chegou a saltar 20% na abertura. Ontem era feriado no país e o mercado acionário não funcionou.
Embora os bancos tenham tomado medidas antes do pleito para garantir que teriam dinheiro suficiente, executivos do setor disseram a órgãos reguladores, em conversas privadas, que podem precisar de ajuda adicional para reforçar o sistema, segundo a Bloomberg.
Muitas cuevas, pontos de venda de dólares no mercado paralelo, não funcionaram nos últimos dias, à espera do resultado das eleições. Ontem, as negociações voltaram com força. O dólar era cotado a 1.060 no fim da tarde de ontem.
ogo nas primeiras horas da manhã, o governo de transição baixou decreto instituindo uma mudança na fórmula que determina o câmbio para exportadores. A Argentina tem mais de uma dezena de cotações de dólar.
O valor do dólar exportação foi elevado para 614 pesos, uma valorização de pouco mais de 20%. A determinação ocorreu ainda na noite de segunda-feira após o ministro da Economia e candidato derrotado pela União pela Pátria, Sergio Massa, ter se reunido com sua equipe para definir a transição.
Até sexta-feira passada, o câmbio usado em vendas ao exterior era definido por uma fórmula que combinava dólar oficial (70% do valor) e dólar usado em contratos de liquidação (30%). Isso fazia com que a moeda americana para exportadores saísse por 508 pesos.
Atração de divisas para o país
A partir de ontem, a fórmula será 50%/50%. Esse cálculo será mantido até ao menos 10 de dezembro, quando Milei assume a presidência da Argentina.
A ideia por trás da mudança é atrair divisas para o país. A Argentina vive uma profunda crise com escassez de dólares e inflação que supera 100% em 12 meses.
No seu discurso após a vitória, Milei disse que pretende seguir com seu plano de privatizar estatais, fechar o banco central e dolarizar a economia, mas analistas são céticos quanto à viabilidade das duas últimas medidas.
Fonte: Agência O Globo